ADUBAÇÃO DAS PASTAGENS
COM A CHEGADA DO VERÃO OU DA ESTAÇÃO DAS CHUVAS, É O MOMENTO DE ADUBAÇÃO DAS PASTAGENS?
Saiba tudo nesse conteúdo sobre a adubação das pastagens.
O Brasil possui a maior área de pastagem cultivada do mundo, chegando aos 154 milhões de hectares de norte a sul do país, conforme dados do MapBIOMA. Mas o que chama atenção, é a análise das imagens de satélites coletadas entre 1985 e 2020 que permitem também avaliar a qualidade das pastagens brasileiras e constatar uma queda nas áreas com sinais de degradação de 70% em 2000 para 53% em 2020.
Cobertura vegetal dos municípios brasileiros em 2021. MAPBioma, 2021. Áreas de pastagem no Brasil | Foto: Montagem Revista Oeste/Atlas das Pastagens.
A redução de área de pastagens degradadas, se deve à profissionalização da pecuária e a adoção de técnicas de manejo que elevaram a capacidade produtiva das áreas. Com o uso de sementes de qualidade, controle de ervas daninhas e especialmente correção dos solos e adubação, ocorre uma melhoria na qualidade das pastagens. Dessa forma, com produção de matéria seca em quantidade e qualidade, superiores comparadas a áreas sem manejos adequados, assim elevando a lotação de animais/ha, aumentando no ganho de peso dos animais e lucratividade dos pecuaristas.
Entre estas três técnicas de manejo citadas acima, a adoção da correção e adubação do solo, são práticas consideradas o ponto de partida para o sucesso da atividade agropecuária. Em sistemas intensivos de produção de animal a pasto, a “colheita” da pastagem é realizada pelo próprio animal, que se alimenta da parte aérea da forragem que é onde supre sua necessidade nutricional.
Exigência nutricional das pastagens
No Brasil as pastagens são formadas, majoritariamente, por gramíneas forrageiras, que influenciam na decisão para o uso eficiente dos corretivos e fertilizantes utilizados, baseando-se no nível de exigência nutricional, conforme tabela 1.
O nível de exigência da espécie adotada irá definir, baseado na análise do solo da área, qual será a necessidade de correção dos níveis de pH e dos macro e micro nutrientes do solo.
Os solos da grande maioria das pastagens brasileiras são solos que apresentam baixo pH, teores baixos de cálcio e magnésio, teores relativamente altos de Al trocável, baixos teores de fósforo e baixa porcentagem de saturação de bases. Estas características limitam o estabelecimento da forragem, especialmente por prejudicarem o crescimento radicular e desenvolvimento da parte aérea, desta forma a colheita do boi não será satisfatória. Áreas com baixa lotação animal são reflexo de baixa disponibilidade de forragem, causadas na grande maioria das vezes por solos pobres ou mal manejados.
Com a chegada do verão, também conhecido na região central, norte e nordeste do Brasil como a estação das chuvas, é necessário a adoção de estratégias de manejo e adubação que sejam soluções frente às situações desencadeadas neste período, conforme descrito pelo Dr. Adilson Aguiar, professor do curso de Zootecnia nas Faculdades Associadas de Uberaba.
1- Em fazendas onde a pastagem foi superpastejada (taxa de lotação acima da capacidade de suporte da pastagem), com o início das primeiras chuvas, vem uma rebrota composta por folhas tenras, com baixo conteúdo de matéria seca e de fibra, com alta digestibilidade, que passa rapidamente pelo trato digestivo do animal, provocando diarreias. Já sob o ponto de vista da planta forrageira, ela é consumida com alta intensidade e alta frequência, o que leva ao esgotamento de suas reservas e possível degradação do estande de plantas. Sob o ponto de vista do solo, ele pode ficar adensado, levando à compactação e à possível erosão. Com esses erros acumulados, a pastagem deixa espaços que são dominados por plantas daninhas. Aquela planta forrageira tenra é mais susceptível ao déficit hídrico, ocorrido durante as estiagens (veranicos), como também nas pragas cortadoras (formigas, lagartas, etc.).
2- Já em fazendas, onde a pastagem foi subpastejada (taxa de lotação abaixo da capacidade de suporte da pastagem), desde a estação chuvosa anterior, e, com a chegada das chuvas, aquela alta massa de forragem que sobrou está seca e os tecidos da planta mortos. Com as primeiras chuvas, as folhas secas e mortas se desprendem dos perfilhos e caem no solo. Na planta, ficam os caules com perfilhos aéreos, comprometendo a estrutura do pasto, com touceiras altas e muitos talos, circundados por plantas baixas que vêm sendo superpastejadas. As plantas altas e o excesso de palha sobre o solo retardam a rebrota inicial da pastagem por sombreamento das gemas basais e pela imobilização de nutrientes na decomposição da grande quantidade de palha (nitrogênio, fósforo e enxofre). Por outro lado, a espessa camada de palha cria um ambiente favorável para a sobrevivência e proliferação de pragas, particularmente cigarrinhas que atacam pastagens, e de fungos que podem causar distúrbios nos animais. Além disso, a espessa camada de palha tem sido uma das causas da morte de plantas forrageiras em muitas regiões do país. Por este motivo, a importância de fornecer os nutrientes adequados para cada área, considerando situações de formação, manutenção ou diferentes situações de pastejo.
Como dito acima, a baixa disponibilidade de fósforo nos solos tem sido considerada a mais relevante limitação da pastagem. A grande importância do fósforo no início do perfilhamento e no crescimento das raízes das mais variadas espécies de gramíneas forrageiras, está amplamente documentada na literatura. Quando ocorre inadequado suprimento de fósforo na formação da pastagem, o resultado é a presença de plantas de menor porte, com menor número de perfilhos e com sistema radicular menos desenvolvido, o que resulta em áreas degradadas, ocupadas por plantas daninhas ou não pelo capim de interesse, mas sim por plantas indesejadas, com solo descoberto e mais sujeito à erosão.
Com o adequado suprimento do elemento fósforo, além da resposta em crescimento inicial mais acelerado, tanto da parte aérea, quanto das raízes das gramíneas, que proporciona sensível alteração no perfilhamento e no “fechamento” da área das pastagens, também há incremento acentuado na concentração deste nutriente nas folhas. Isso tudo somado, resulta em uma mais rápida formação das pastagens, que pode receber mais precocemente os animais para o primeiro pastejo.
É no início da estação das chuvas que, ocorre a incorporação de nitrogênio e enxofre ao solo, provenientes da atmosfera, e começa a decomposição de material orgânico da terra. Dessa forma, favorece o crescimento da pastagem, se ela estiver bem manejada e em solo suprido de fósforo e demais macro e micro nutrientes.
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Matéria produzida pela nossa Gerente de Desenvolvimento de Mercado – Fernanda Weber.
Fontes: MApBiomas. Embrapa Cerrados e IPNI.